04 outubro 2004

Diário das eleições.

Acordar num domingo, as 10 horas da madrugada com o telefone tocando é tensso.
Ainda mais quando é um cueca do outro lado da linha.
Nem atendi, deixei tocar e aproveitei para tirar o fio do telefone. Agora ninguem mais me incomodava.
Adormeci e só acordei as 3 da tarde, com outro telefonema de outro cueca. Mas que merda, parece que só tem homem nesse mundo. Era o baterista da banda, dizendo que o ensaio era 3:30, não 4:00 mas as 3:30. Eram recém 3:29.
Joguei o telefone de lado, babei mas alguns minutos no travesseiro e resolvei levantar. Afinal, já era de tarde, eu tinha que aproveitar meu final de domingo.
Comi os restos do churrasco que rolou, me arrumei e sai pra votar.
Chegando no colégio da minha sessão, vi o atual prefeito, candidato a reeleição fazendo um puta boca de urna. Passando de sessão em sessão mostrando sua cara magra e feia. Pensei em ligar pra polícia, fazer uma denuncia anonima do meu celular, mas não, tem identificador de chamada. Então deixei queto.
Andei a merda do colégio inteiro pra achar minha sessão, que estava logo no começo, e devido ao meu estado sonolento, não achei de inicio.
Nem tinha fila, sussegado. Cheguei e já fui jogando meu titulo de eleitor na mesa dos mesário (oh que pleonasmo).
Me encaminhei a urna e aconteceu o seguinte diálogo:
- Ei, mesário, não estou conseguindo digitar o resto dos números pra vereador.
- Poxa, mas o número tá certo?
- Sim, é pra esse que quero votar.
- Confere aí.
- Tá certo porra. Essa merda tá com defeito.
- Cara, todo mundo votou aí e nem deu problema. Posso ir aí?
- Sim, vem cá....Olha só, quero votar pro número 666, mas fica só 66 e aparece essa merda de mensagem de "número inválido".
- Pra votar nulo é assim mesmo. Mas faz isso não cara, taqui o número do meu parente ó, o cara é gente boa.
- Vai se fuder filho da puta. AQUI Ó GENTE, FAZENDO BOCA DE URNA Ó. Cara isso dá cadeia.
- Caralho cara, cala tua boca mano. Tenho mulher e 2 filhos pra sustentar.
- Problema seu meu chapa, vou lá fora procurar um policial. Opa, perae, já que não vai 666, vai nesse 66 mesmo. Pra prefeito? 66 também e que se foda. Tu tá ferrado meurmão. Vai pro xilindró no domingão.
Nesse momento saí da sala de votação e me encaminhei calmamente para o carro, onde estava tocando o novo cd do angra. Fechei a porta, abaixei o vidro, levantei o som e gritei "E VIVA O LULAAAAAAA".

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