Ouvi dizer que não foi o mundo que piorou, é a cobertura dos fatos que ficaram melhores.
Por um lado isso é real, afinal, não saberiamos nem 1/8 do que acontece no mundo se não fosse a imprenssa.
Mas o que me dizem desse maldito filho da puta que assacinou 4 crianças no RS. Suspeitam que foram 12, mas confirmados até agora 4.
Hoje eu ví que não existe mais honra nas lutas. O que importa somente é o resultado final.
Antigamente as guangues se reuniam em praça pública, cada qual no seu lado, aguardando o momento onde se decidiria quem era o mais forte. Qual dos líderes comandava melhor seus súditos.
As brigas eram no mano-a-mano. Não existia armas de fogo, apenas armas brancas.
Socos, ponta pés, cortes, buracos. Olhava-se no olho da pessoa que está prestes a perecer, e via também o prazer de estar alí, lutando e morrendo por seu líder.
Quando um dos líderes era atingido, gritava-se o hino da vitória, paralisando assim, todos os guerreiros que estavam envolvidos na batalha.
Os vitoriosos comemoravam a conquista. Os derrotados velavam seus mortos e seu principal comandante.
Hoje nem se vê o inimigo. Tudo é praticamente teleguiado, atirado de longe. Desde snipers até bombas. Qual a graça?
A graça de vencer. De não ter percas no campo de batalha. Mas o que isso desenvolve?
Uma bomba é lançada, e numa cadeira estofada e confortável, um gordo com cara de nerd e com óculos fundo de garrafa. Ao seu lado, uma tijela de batatas fritas vazia, um hamburguer metade comido e um copo de coca-cola meio cheio.
Nas suas mãos um joystick e a sua frente um monitor, de onde ele controla e verifica a trajetória do material bélico que irá deixar várias crianças sem pai, várias mulheres sem marido e várias mães odiando por terem nascido.
Na explosão, o monitor fica negro, o gordo pula da cadeira e grita "BINGOOO. Agora posso ir pra casa".
A quilômetros de distância, pessoas velam seus mortos e aquele gordo está agora em casa, assistindo alguma merda na televisão, comendo mais um hamburguer e tomando mais um copo de coca-cola, não se preocupando com o que foi destruído ou o que foi conquistado, contente apenas por ver na tela o noticiário anunciando que em tal lugar um carro bomba matou centenas de pessoas, tudo para acobertar o fato de que alguns doidos filhos da puta tem uma merda de botão na mão, que decide o futuro do mundo.